O Índice de Confiança da Construção (ICST), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), cresceu 0,7 pontos no mês de março, atingindo os 82,1 pontos totais. Em relação ao primeiro trimestre de 2017, o mesmo período deste ano registrou uma alta de 7,2 pontos, sem ajuste sazonal. Segundo a pesquisa Tracking, um levantamento mensal da Anamaco, o varejo de material de construção fechou o mês de março com desempenho 10% superior em comparação a fevereiro. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, as vendas no setor cresceram 2%.
Segundo o estudo da Anamaco, todas as regiões do País apresentaram variações positivas no mês, com destaque para o Nordeste (15%), Centro–Oeste (12%), Sudeste (10%), Sul (9%) e Norte (7%). Dentre as categorias pesquisadas, o setor de venda de tintas foi o que teve o melhor desempenho no mês, com um crescimento de 15% sobre fevereiro. Já a área de revestimentos cerâmicos registrou alta de 9%, seguidos de telhas de fibrocimento (7%). Para abril, 63% dos 530 entrevistados acreditam que as vendas serão ainda superiores a março.
Cerca de 12% dos lojistas pretendem realizar investimentos nos próximos 12 meses, e 15% pretendem contratar novos funcionários em abril. Já o otimismo com relação às ações do governo nos próximos 12 meses retraiu de 39% para 34%.
Márcio França, que assumiu o governo de São Paulo nessa segunda-feira (9/4), no lugar de Geraldo Alckmin, destacou que a cadeia produtiva da construção civil representa 10% do faturamento do ICMS do estado. “É um setor importante que gera mão de obra. São Paulo tem, desde 2015, um superávit bom e este ano deve ser ainda maior e será usado em obras, que certamente movimentam o setor”, disse em seu discurso na abertura da 24º edição da Feicon Batimat, salão internacional da construção civil e arquitetura, na manhã desta terça-feira.
Na visão de França, a economia brasileira voltou a respirar. São Paulo seria um grande exemplo disso, com crescimento de 0,6 ao mês. “É um bom índice e se isso correr a gente pode fazer 7 ou 7,5 ao ano, o que significaria muito para São Paulo”, avaliou.
Gustavo Binardi, diretor da Feicon Batimat, destacou que o varejo da construção tem respondido de forma positiva há 14 meses. “O setor já finalizou a retomada do crescimento tanto no viés comercial como residencial. Este ano a gente espera mais crescimento e um reposicionamento do varejo da construção através de inovações”, comentou.
Ele lembrou que o setor da construção civil foi bem afetado pela crise, sofrendo uma perda de empregos forte. “O mercado conseguiu buscar uma alternativa diferente, por meio de melhorias, reformas, retrofit. Para o varejo e fabricante tivemos o impacto da retomada econômico em alguns encontros de negócios”, disse.
Confiança
Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção da FGV IBRE, afirmou que o resultado de março mostra que a confiança retomou a trilha de recuperação observada desde junho de 2017 e a alta do trimestre reforça as projeções de crescimento setorial. “Por outro lado, os sinais positivos ainda estão restritos a poucas atividades, destacando-se principalmente o segmento de Edificações”, observou.
De acordo com a FGV, a melhora do ICST se deveu a melhor situação das empresas e às perspectivas de curto prazo do empresariado. O I%u0301ndice de Expectativas (IE-CST) subiu em marc%u0327o, com alta de 0,5 ponto, atingindo 93,2 pontos. O indicador que mais influenciou a alta do IE-CST foi o que mede a demanda para os tre%u0302s meses seguintes, que cresceu 1,4 ponto, na margem, para 92,1 pontos.
De acordo com a Associação Brasileira de Incorporação Imobiliária (ABRAIC), o número de lançamentos aumentou em 2017, ante 2016, 29,7% e 15,3%, respectivamente. “O cena%u0301rio mais positivo para as empresas do ramo imobilia%u0301rio residencial corrobora a percepc%u0327a%u0303o de que o crescimento do setor em 2018 sera%u0301 impulsionado pela habitac%u0327a%u0303o”, disse Castelo. Ela lembrou que este desempenho continua muito concentrado nos empreendimentos do Programa MCMV, dependente dos recursos do FGTS e da Caixa Econo%u0302mica Federal.
Inclusão social
O governador de São Paulo reforçou que dois terços de todos os detentos do regime semiaberto do Estado estão inseridos em um programa de treinamento para pintor. “Conseguimos criar a condição para eles poderem aprender a pintura e depois disso, aqueles que quiserem, nós abriremos empresas individuais no nome de cada um deles, para que cada um se torne empreendedor individual e daí para frente, se eles quiserem, poderão ter uma chance na vida de se recuperar”, explicou.
Segundo França, com 230 mil pessoas em presídios em São Paulo, é preciso encontrar um mecanismo para “parar de produzir o gelo”. “Eu tenho certeza que a construção civil é uma das grandes formas de fazer isso, porque boa parte das pessoas têm facilidade, aprenderam com o pai, com o tio. Têm uma certa facilidade na construção civil”, comentou.
A Feicon, que promove oportunidades para o setor, trabalha com quatro pilares: inovações de tecnologia; sustentabilidade e reuso de materiais; eficiência nas horas de trabalho e conteúdo. “Não deixamos mais a tecnologia de fora, hoje em dia é impossível. O reuso dos materiais pode ser com novos sistemas que desperdiçam menos matéria prima. Os próximos anos têm de ser verdes, têm que ser recicláveis”, explicou Binardi.
A feira promove uma Rota da sustentabilidade, realizada pela Reed Exhibitions Alcantara Machado e pela Inovatech Engenharia, que é um circuito de estandes com exibição de produtos e soluções avaliados em três categorias: fabricação, obra e produto aplicado. “Mais do que levar novas soluções e tendências, queremos promover questões como consumo consciente e sustentabilidade para os milhares de visitantes da feira”, destacou Binardi.
A Feicon Batimat ocorre em São Paulo entre os dias 10 e 13 de abril, terça a sexta, das 10h às 20h. Na feira, diversas empresas apresentarão lançamentos de produtos inovadores no setor. Alguns produtos tem o objetivo de promover a sustentabilidade do setor e dentre os requisitos exigidos estão a quantificação das emissões de dióxido de carbono durante o processo produtivo; rastreabilidade da cadeia produtiva; menor consumo de recursos e redução de resíduos no canteiro de obras; eficiência energética e hídrica; reciclabilidade; baixa manutenção.
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br